O Dinheiro Moderno - Um Resumo


Impossível fazer uma explicação melhor do que a oferecida pela Professora Stephanie Kelton sobre o assunto, com a segurança de quem apaixonadamente vem debatendo e refletindo sobre o tema e com enorme didática, ela explica o todo o fundamento de uma forma que todos podemos entender. Coloco abaixo um dos muitos vídeos que ela disponibilizou ao longo dos anos no YouTube.


Algumas macro observações:
  • O entendimento monetário moderno não é politicamente orientado, mas a compreensão do papel do Governo como emissor da moeda e do significado da dívida faz parecer sugerir políticas de gastos do governo e, portanto, populistas.
  • A única forma de uma economia ter moeda em circulação é o Governo, ou a entidade que controla a emissão da moeda, gastar essa moeda com a aquisição de bens ou serviços disponíveis na economia. Não existe outra forma que não seja fraude, o Governo tem o monopólio da moeda, é portanto o único capaz de "criar" mais.
  • Impostos não são instrumentos de financiamento do Governo, visto que este produz a moeda em primeiro lugar, mas sim instrumentos de redução do volume monetário na economia e mecanismos de incentivo do uso da moeda.
  • A dívida pública é, de forma resumida, a medida do volume de dinheiro disponível na iniciativa privada, e não um compromisso obtido como forma de financiar gastos públicos. Não faz sentido imaginar que Governos sejam reféns de credores e devam praticar juros atrativos caso contrário estes não irão conceder novos "empréstimos".
Isso não significa que, portanto, como política pública o governo deve gastar sem critério, porque claramente o dinheiro perderia qualquer sentido, haveria muito disponível e não haveria o que consumir com ele.

Gosto muito do entendimento que a Professora Kelton passou sobre inflação, simplificadamente, imagine a economia como uma cesta, portanto os itens na cesta são finitos, sendo os itens os bens e serviços disponíveis, inflação é quando tem muita gente (dinheiro) querendo consumir os itens da cesta. Ricos são os passageiros prioritários, os primeiros da fila pra cesta e assim que saem entram de novo na frente do resto.

A forma como o Governo controla a quantidade de dinheiro e, ao mesmo tempo, cria incentivo para  o uso da moeda é por meio de Impostos. Esse raciocínio me leva a pensar no dinheiro como o ingresso para usufruir da economia, e portanto, os impostos servem para que acúmulos não se formem e também heurística para distribuir receita para estados e municipalidades.

Muitos tendem a ignorar, quando a criticar o "Governo", que este é estruturado de forma a cobrir um amplo território com muitas pessoas e com estas pessoas, suas liberdades, culturas e prioridades. Uma vez entendido que o dinheiro "nasce" do gasto do Governo, é preciso entender também que esse gasto não precisa ser federal, e que não implica que a única alternativa é dar cheques em branco para governos locais. Uma forma de distribuir dinheiro pelos entes municipais e estaduais do governo é por meio de impostos, não que eles sirvam de receita para o governo (que pode "criar" o dinheiro sempre que precisar), mas como uma régua da atividade econômica, logo, um alto recolhimento de impostos sobre vendas industriais mostra que a comunidade local está explorando esse modo econômico e usando estruturas como o IVA, Imposto de Valor Agregado (apresento em outro post) esta arrecadação ficaria nas localidades impactadas pela atividade econômica. O mesmo conceito pode ser aplicado aos tributos de propriedade urbana e rural, que serviriam para distribuição do dinheiro (e não para financiar o governo). Impostos de propriedade ainda tem um papel secundário que é o de estimular o uso da moeda, visto que são obrigações legais independentes da renda obtida, e portanto necessitam que o proprietário engaje em atividade econômica para obter a moeda necessária para pagar os impostos.


Fonte da Imagem:
https://formacion.alianzapais.com.ec/teoria-monetaria-la-moderna-controversia/

Comentários