Que máquina


Consegue imaginar uma combinação mais impressionante de software e hardware que é o cérebro? Acho uma das máquinas mais incríveis da natureza, além de ser capaz de com uma densidade de elementos bem menor do que chips de silício de resolver problemas extremamente complexos, também cresce e se desenvolve de forma orgânica a partir de uma semente, uma única célula.

O primeiro paralelo é com nosso conhecido silício, utilizado na montagem dos computadores, nesse caso o hardware não passará por uma mudança orgânica, já iniciando em sua capacidade plena, e o software é executado de forma sequencial em um ou mais pipelines de execução. Agora a estrutura de processamento no cérebro é completamente distribuída e, em muitos casos, verdadeiramente distribuída. É possível com ASICs e FPGAs ter uma flexibilidade maior no balanço Hardware/Software, e também na questão da distribuição prover real paralelismo, porém, as estruturas de armazenamento e processamento são distintas, e isso limita o real paralelismo, pois cria um gargalo (o acesso as estruturas de armazenamento).

Um paralelo mais inusitado é em outros organismos vivos. Primeiro temos que remover a noção de consciência, pois é pouco compreendida e muda o plano do debate (alma?), e abordar o assunto com um ângulo materialista, tanto reducionista (coisas são compostas por coisas menores, e.g células são feitas de moléculas) como emergente (coisas emergem, ou surgem, da interação de outras coisas, e.g o azul do céu é um fenômeno que emerge da difração da luz solar ao encontrar o ar na atmosfera). Com esse ângulo, podemos observar que humanos nada mais são do que um conjunto de células (e suas secreções) e isso inclui o cérebro, e os fenômenos macro que percebemos (como o bater do coração) são resultantes da interação desses elementos menores (as células) que, removendo o fato de que compartilham o mesmo DNA, são indistinguíveis de organismos unicelulares (como protozoários). Vendo o cérebro como um coletivo de organismos unicelulares em constante comunicação, basta observarmos situações semelhantes na natureza, onde colônias de bactérias poderiam, como resultado das interações unicelulares, apresentar efeitos macroscópios emergentes. Portanto é possível imaginar que organismos vivos podem manifestar inteligência e ser utilizado como computadores, por meio da comunicação entre os agentes unicelulares, mas não se limitando neles, pois alguns organismos multicelulares, como fungos, também apresentam comunicação entre si que é extremamente rica e complexa, e pode potencialmente ser um meio para características emergentes.

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